segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Agir


Queria pensar menos!
Mas pensando bem, queria tantas coisas
Querer não é mesmo poder
Pelo menos pra mim
Tudo foi sempre tão difícil
E eu nem sou pessimista
Estou ficando velho, acho que é isso
Acabado pela ação que pensamento causa
Estou desgastado pra minha idade
Já bebi muito e continuo bebendo
Fumo, bebo, fumo, fumo, prendo, passo
Mas agora estou dando um tempo
Não para pensar, mas para agir mais
Organizar a vida, tentar ganhar dinheiro
Ser alguém ou algo de verdade
Não que antes eu não fosse, era sim
Mas quero ser mais, aprender mais, mostrar mais
Está mais do que na hora de começar a me mexer
De correr atrás do prejuízo, mostra pra que vim
Tenho que ocupar-me mais
Mente vazia e corpo em repouso não levam a nada
O tempo segue sem parar
Tudo muda a todo tempo
Preciso de mais determinação
Preciso ser menos passivo as coisas
Preciso pensar menos e me meter mais
Preciso que isso não fique só no pensamento...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Encontrar-me


Como é difícil organizar meus pensamentos
O medo parece ter aumentado
Queria ter um botão pra me formatar
Resolveria tudo de uma vez, estaria novo
Agora vejo que deveria pensar menos
A cabeça pesa, tenho medo de perder o senso
Estou mais nervoso, o coração palpita mais
Queria não escrever tantas mazelas de amor
Queria me libertar de você
Mas confesso nunca querer te esquecer
Quem sabe um dia conversamos
Coloco um fim nesse silêncio presente
E até escuto e entendo tuas razões
Se desejar falar, se puder ouvir também
Tenho a impressão de ficar agora só nos entremeios
Nos olhares salientes, nas mordidas de lábios
O desejo carnal me tomou num grande gole
De uma só vez, como faço com pinga
É uma das coisas que faço bem, me embriagar
Me destruindo aos poucos
E a timidez essa não me larga nunca
Uma doença que ainda não conheço cura
Queria ser menos passivo as coisas
Ter força para fazer as palavras saírem da garganta
Elas parecem entalar, parecem estar aprisionadas
A memória já não e mais a mesma
Deve ser por que a concentração também me falha
Quem sabe um analista resolva tudo
Quem sabe eu me confunda mais

Eu preciso mais de mim...

Dor


De tanto te amar no além
Fui mais longe do que nós poderíamos ter noção
O amor dói tanto que lateja a alma
Mastiga meu pobre coração cheio de ataduras
Tampados os rasgões com band-aids
Eles que não seguram as lágrimas que me afogam
Dói, e a dor me vicia...

Abstinência


Lembro como hoje quando te vi frequentando meu ambiente social
Era simples agora admitir pra mim que sempre tinha te visto com outros olhos
Quem sabe se fosse naquele tempo seriamos só nós, até agora e sempre
Ali se marcava nosso encaixe, destinados como você me disse
Desde o primeiro encaixe de lábios me perdi
Esse gosto ainda me faz encher a boca d água
Prendi-me a esse teu olho banhado a cinismo
Ainda era proibido prós dois, assim acredito
Infiel pra mim, difícil de admitir pra você
Minha primeira pulada de cerca
Iniciava-se ali minha sina por você
Você era tipo o maior amor, o melhor amante e de quebra um carinhoso amigo
Te pedi de presente sem saber do preço que teria de pagar
O génio do altar forjado me cobraria caro
E você veio com tudo isso, embrulhado com papel e um laço de fita
E de repente com a mesma saliência que veio, foi embora
Foi se distanciando, ficando frio até me da à notícia
Até dizer que não queria mais e rir de mim
Eu não soube como continuar
A dor foi dura, senti o sabor das gotas salgadas que me cortavam a face
Mora nos meus piores pesadelos aquele lugar de necessidades fisiologicas em que desabei em pranto
Ainda tento seguir sem me arriscar
Sem amor o que me resta e a loucura
Foi como ser atingido por um choque de mil volts
Despenquei de um imenso precipício caindo de cabeça
Meu coração se afogou em lágrimas
Pedi socorro com muitos goles e pegas, tragadas, prensas
Sinto-me cada vez mais vazio e oco
O buraco está cada vez mais fundo
Não vejo mais verdade em coisas que me faziam respirar
Eu nunca me joguei tão forte
Nunca me entreguei a ninguém como fiz com você
Já você, nem almenos reconhece a forma como me magoou
Você nem imagina o tamanho da minha dor, não é?
É preciso um milagre pra me trazer de volta
Pra eu reconstruir minha consciência
Pra que eu perca essa mania terrível de comparar todos os beijos com os teus
E o hábito horrendo de sempre achar que como os teus não existe igual
Às vezes sou surpreendido por teu cheiro
Na verdade ele nunca foi embora ta aqui, persiste, insiste, não desiste e nem me deixa
A culpa é toda sua, por que você existe?
Eu nem sei mais como me sinto, sabia?
Você é a razão por eu não conseguir me livrar mais dos cigarros
Me apeguei a eles por sua causa, não sabe disso também não é?
Às vezes vejo você neles, é assim que te provo é o que me resta
Juro que tento apagá-los de uma vez por todas, quem sabe assim você vai com eles
Esse deve ser o prémio dos meus pensamentos ilusórios
Por gritar teu nome quando interrogado no que eu queria pra mim
Não deveria ter feito isso
Não deveria ter deixado você tomar conta de tudo
Fui só mais um peixe que caio em sua rede
Mais uma letra pro seu caderninho
Como pode depois de tanto tempo eu ainda estar tão preso
Preso ao inútil, sim por que eu tenho consciência disso
Sei sim que é tudo em vão, que a dor é e sempre foi só minha
É como se eu estivesse me tratando numa clínica de reabilitação
Cuidando do meu vício, da minha doença
E você é a minha doença, minha droga preferida
Vivo numa abstinência que não cessa
Mesmo lembrando das raivas, magoas, injurias
Eu deixaria tudo pra traz, esqueceria sem remorsos
Droga! Só pode ser loucura esse amor
Ainda faria tudo mesmo sem ter nada
Viveria tudo novamente sabendo do amargo fim, mas viveria
Se pudesse pararia o tempo e viveria só nesse ciclo
Seria capaz de qualquer coisa por sua reciprocidade
Mesmo sabendo que ela não existe
Mas sempre que você precisou eu estava lá
E sempre estaria se assim você ainda estivesse aqui
Que falta me faz teu abraço
Sinto a falta dos teus risos
Que saudade de quando você piscava o olho pra mim
Saudade dessa tua cara cínica e dissimulada
Você é mesmo minha droga favorita
O problema é que você me usava de um jeito diferente de como eu te adquiria cada vez mais
Você me viciou, me fez provar o mel e depois tirou
Mas eu sei que não era pra dar certo
Eu sei que você me passou a perna, me traiu
Também fiz isso, confesso
Só te paguei a mesma moeda
Antes a traição que a separação
Esqueceria tudo, perdoaria
Só pra te ter de novo
Mas você não é mais o mesmo, assim como eu também não sou
Te aceitava com tuas mazelas, doenças, defeitos
E não tentaria mudar nada
Pra que? Assim te afastaria novamente
Preciso te deixar ir embora, sei que você não volta
Eu preciso me apaixonar de novo
Eu tenho que me apaixonar de novo, eu prometo que vou conseguir
Eu preciso ir, eu preciso me livrar de você...

Lembra



Então me lembro aqui do maior dos meus casos
Dos abraços que posso ainda sentir ao fechar dos olhos
Minhas lembranças vividas
O pior dos erros que poderia cometer
Já não me lembro bem de tentar te esquecer
Aqui existe o calor da lembrança
O arder da saudade
O lembrar inevitável daquilo que mais temia
Que agora sinto no doer da realidade
Acho mesmo que gosto de tanto te lembrar
Essa é a minha culpa
Gostar da lembrança do doce gosto de sofrer
Aprendi assim a ter medo de também viver
Quem sabe aqui você podia se materializar da saudade que sinto
Que ainda me percorre pelas ruas de calor escaldante
Dos quartos te hotel, músicas suspirantes
É só melancolia, desejo de te ter de novo
Amargo amor, amarga dor
Teu cinismo o aturar do teu jeito sonso
Os quilômetros que trazem os antigos fantasmas
O lembrar, maldito lembrar...

domingo, 22 de novembro de 2009

Se


Se ainda te encontrasse
Quem sabe seria bem mais calmo
Se ainda te visse, quem sabe o nervosismo não me atrapalhasse tanto
Quem sabe não teria me frustrado pela ausência dos risos
Dos risos que eu precisava provocar
Dos risos que eu sou capaz de arrancar
Se ainda tivesse você
Quem sabe as coisas estariam melhores
Estaria feliz, estaria com você
Mesmo na dor do silêncio
No maltratar do teu jeito
Quem sabe a dor de cotovelo seria melhor
Se aqui você estivesse
Se pra você eu ainda existisse
Quem sabe novamente os risos teriam sido meus
Teriam sido música nos meus ouvidos de mazelas de amor
Se ainda te visse
Se ainda te encontrasse
Se ainda fosse vivo em você
Se ainda fosse meu
Seria mais crédulo com o mundo
Acreditaria mais nas pessoas
Acreditaria mais em mim
Vai ver me cobraria menos
Ou me daria melhor nas coisas que faço
Saberia até o que esperar do futuro
E não ter medo dele por vezes tantas
Saberia o que querer do presente
E poderia recordar o passado sem rancor, sem temor
Se ainda te encontrasse por ai
Os cigarros ascenderiam
Os vícios me exalariam
Encontrando-te ou não
Tendo-te ou não
Eu ainda te sinto
Teu cheiro me ronda
O amor ainda está
Assim como a dor...

Procurando Jeito


Você precisa dar um jeito em sua vida!
Quem me falou isso nem sabe que o jeito tem que ser além
Muito além de débitos econômicos
Preciso me dar um jeito
Não quero ter medo do que se reflete no espelho
As vezes não me reconheço
Apesar de olhar para traz e ver que apenas o silêncio diminuiu um pouco
Agora ando desesperado
Saio mudando o rumo, desviando o caminho de casa
Aumentando o percorrer dos ônibus, assim como o numero de paradas
Tudo isso para achar encrencas como eu
Estou com medo de enlouquecer
Dormir é tão difícil
Os pensamentos andam a mil
Vozes gritam coisas dentro da minha cabeça
A memória está às falhas
O corpo sempre cansado
Mas ainda assim persistindo
Mesmo com zunidos atordoantes nos ouvidos
Com o sono da noite roubado
Com o ego ferido por qualquer motivo
Carente como nunca, medroso como sempre
Acho que perdi de vez a compostura
E me dei conta de que nunca tive uma noção concreta das coisas
Não consigo mais lembrar dos sonhos
Estou numa corda bamba e não consigo me equilibrar...