domingo, 24 de outubro de 2010

Sobre a insônia, a volta impossível, passado, o bate boca e as coisas sem fim


Ontem eu não quis saber de mim
Deitei meu corpo imundo no espaço que restava dessa cama amontoada de coisas
Cansei da insônia provocada pela ânsia de que algo se faça preencher nesse vazio
Virei de lado e procurei o sono com a mesma perseverança de quem procura a felicidade
Chega de filmes, musicas e ensaios sobre uma forjada realidade vislumbrada
Não consigo encontrar o sono da mesma forma que não me acho mais
Poderia eu te amarrar a mim da forma que necessita, se não me arrependesse em poucos instantes de contato pessoal e não virtual
Não cabemos na mesma estrada e eu já sabia disso, mas por um instante, minto, por tempos pensai que podíamos, que deveríamos, que era o que eu precisava
Mas agora sei que mesmo que as borboletas se revoltem contra mim, não dá
Não quero que ninguém se molde a mim, nem quero me camuflar pra caber na narrativa de alguém
Será mesmo que corro as cegas numa madrugada suja para aquele inalcançável desastre?
Mas aquele fantasma não vive em pedestais habita nos submundos, nos mesmo que percorro em desesperos inflamáveis
Quem sabe por isso me atormenta tanto, me coroe ainda após tanto deserto deixado
Cobrança eu renego e quem sabe quando deixará de brincar de briga como um menino tolo exclamando atenção?
Foi tão sincero um dia, mas fica cada vez mas longe teu caminho
Enquanto me mexia na cama sem espaço pra mim, me reviravam remorsos
Tanto das aulas que não assisto, desse curso que não frequento
Do futuro que pregam em mim e que absurdamente deixo ao relento
Fico no fim esperando pelos outro, todos que me socorrem na hora dos luxos ordinários
Aproveito sem pensar em retribuir uma vida dedicada a minha
Quanto das palavras trôpegas atiradas contra aquela criança bêbada sem noção
Aquelas palavras que doeram, sim eu minto pra mi mesmo
E assim minto pros outros na minha insanidade controlada
Tenho as minhas e as tuas preocupações que já mandaste pro espaço
É duro saber, mas fomos cuspidos no mundo e agora temos que entender que não podemos com ele, que permanecer é complicado
Podemos até parar, viver uma vida loca e usar de nossos traumas pra nos vitimarmos, mas a terra está sempre girando
Não se deve atrapalhar aqueles que querem girar nessa roda tão egoísta
Se não quer saia da roda enquanto é tempo e feridas ainda não existem tão inflamadas
Entra nessa roda mais próxima de coisas felizes e entorpecentes, onde a grana e mais farta e vai pra tua mão, sem nenhum banco para acumular uma segurança futura partilhada com todos
Se quiser fazer uma bondade leva junto a intelectual-boa-samaritana-gananciosa
Tomem algumas doses de muito sentimento, pela amizade que vocês rasgaram quem sabe, comemorem o novo numero em suas listas, esse conta mais pontos
A procura pelo sono cansa, pensamentos voam é uma maratona em busca do descanso
Me vejo às vezes como um desses perdidos bêbados que não se localiza, nem se acha, a não ser o copo que desce rasgando a garganta
Falando sobre dores, solidão, tendo raivas e voltando aos mesmos assuntos de sempre
Esses coisas que não se discutem pois não terminam nunca...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Eu fui lá fora e vi...


Quero começar entregando os pontos e assumindo toda a culpa

Sendo honesto, dizendo que não da mais pra regar tua horta de esperanças

Juro que ainda te amo, mas não como antes do vazo rachar

O amor não é mais aquele que cega, cheio de clichês, tolices, raivas, borboletas

Penso em olhar pro lado e encarar teu rosto no escuro do cinema

Envolver meus braços nos teus, beijar teus lábios e me impregnar do teu cheiro forte

E cometer a loucura de tentar, de nos dar essa chance

Isso não seria honesto, não é o que você merece de mim, nem de ninguém

Escuros, cervejas e alguns tropeços

Momentos assim são facilmente encontrados

Meu amor por você não é mais carnal

Meu amor por você não vem mais das entranhas

Meu amor por você é saudável, é amigo

Um compromisso, explicações detalhadas, essas coisas que necessitas

Não, não posso tentar, machucarei de novo algo que ainda não está cicatrizado

Eu sei que você quer e pode parecer que me aproveito disso

Por isso digo que me deixe mesmo de lado

Não procure minha mão, me ignore, esfregue um novo amor em minha cara

Seja feliz, por que não posso te dar o que espera

Não tenho um caderninho de opções e não quero que você seja o primeiro nome

Sim, teu beijo continua sendo bom, teu cheiro sempre me fará fechar os olhos e viajar

Tua presença sempre levantará a hipótese de me render, te provar faminto

Lembranças tuas só as boas, o paraíso, nossos planos, seus impulsos

Eu fui lá fora e vi a lua rindo

Minha orelha quente das conversas-brigas-chama-viva

Eu queria cuidar de você como faz comigo, a preocupação

Melhor estarmos juntos nessa solidão que nos acompanha madrugada a dentro e a fora

Se puder ainda quero ficar com teus abraços apertados

Admiro a ingenuidade do teu gênio forte, característica desse signo sem medida

Sinto sua falta quando não aparece pras nossas conversar sem sono

O conhecimento trocado na madrugada e por ela

Estou perdido no mundo, cheio de calafrios, não me procuro mais

Em uma dessas esquinas acabo me esbarrando

Não espere de mim nada, dispara teus machucados por mim causados

Viver de poucos momentos é um martírio

Não sou prático, nem sei me explicar, fujo a regra da sua filosofia explicativa

Gosto do silêncio e de tudo o que ele diz e representa

Somos dois lados contrários e nos encontramos no meio, nos chocamos

Quem sabe em algum tempo eu te procure e me arrependa de tudo

Queira realmente tentar e tenha percebido que errei

Mas me conheço e mesmo chegando esse tempo, vou ter a consciência limpa de quem fez o que sentiu

Por agora permaneço aqui na minha, só...