quinta-feira, 21 de julho de 2011

Do que foi deixado e suas contra indicações




Uma solidão de mentiras juradas vai me aprisionando em culpas
Esvaziando o avesso que anda revirado
Veias estão congestionadas por cima da pele
Os ventos não me sopram a lugar nenhum, lugar ninguém
Impulsos não me fazem avançar, a ficha do sobreviver não cai
Nada de riscos oportunos ou tentativas estimulantes
O abandono chega sempre antes, muitas vezes antecede o acontecer
Minhas escolhas subiram patamares, estão distantes
Uma aquarela em tons de cinza
Vou estranhando vontades, entalando os quereres
Delas não me lembro, não as tenho mais
Meu pecado maior é o silêncio vencido
A facilidade do suspiro e o ardor da consciência
O intervalo entre o desabafo não tido, rejeitado
As reticências, os lugares de mim que vou esvaziando
Constância cômoda de ir piorando tudo pelo descaso
Passos confusos impedindo acontecimentos
Bloqueio de rachaduras bastardas
Vandalismo interior, arrastão de sentimentos
Distúrbios distribuindo as senhas de atitude
A linha reta com as mesmas paisagens repetidas
Placas de impedimentos nos canteiros proibidos
O peso da cabeça não permite cortar caminho
Sair desbravando aquela outra coragem de menino
Os desprendimentos abandonados ao longo dos tratados traídos
Um ranger de dentes ancestral
Sem espaços para uma pseudo perfeição
Aliás P-E-R-F-E-I-Ç-Ã-O alucinação preferida
O esporte da auto-sabotagem...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Macho Alfa



Tua amargura acelera palpitações de outros
Presenteando-me mãos tremulas e um estômago descompassado
Os tormentos foram repassados por ciclos crescentes de agonia
Um show de horrores muitas vezes revivido por não ter o que fazer
A necessidade era mais forte que o orgulho da leoa que defendia suas crias
Gritos abafados, repressão, digitais impressas na coagulação do sangue dos hematomas
Uma indiferença acumulada por nós a cada golpe de uma guerra sem escolhas
Alma e rotinas atormentadas, silêncios acumulando desesperos
Caminhos separados por um punhal numa primeira lembrança cinzenta
Um grito inocente de socorro em meio à terra rachada, um vestido azul avermelhando
Cacos de esperança e folhas secas pelo chão da casa
Urros, mãos fechadas, e o cuidado jurado no altar aos pés de Deus?
Não era permitido questionar, a regra era obedecer
A ausência, a fuga, o pulo da cerca, devastação nunca lembrada
As lágrimas dela enchendo teu copo, garrafas, barris, cultivando teu alambique
Você esculpindo com rugas e angústias a dona do ventre a te dar frutos
Sede que nuca passa, promessas que nunca se cumprem
Procuro sonolento de cansaço por explicações ou até mesmo algum murmúrio que seja
Motivos que passam de mão em mão feito batata quente
Calmarias sorrateiras, tempestades destrutivas
Tenho medo do teu reflexo no espelho que me vê
Me acalmo por beber de outras agonias
Me martirizo por também carregar as culpas desses tormentos que vou deixando acumular, crescer, pesar cada vez mais
As responsabilidades questionadas, a vergonha inaceitável
São teus cabelos brancos contra os espaços falhos dessas ideias repassados por outros atordoados meninos acovardados
Acorda para as perdas que estão crucificando os que mais sofrem teu sofrimento
Não serei eu que te esfregarei vícios na cara, me calo, calamos, sempre
Disfarçamos na ressaca com nossos melhores sorrisos
O maior problema é não termos tido uma amnésia alcoólica
Sempre vai haver alguma coisa incomodando por baixo do tapete
Os cacos estão ficando tão pequenos que chegará o momento de não ter mais como colar
Mas quero dizer que uma hora aquele cômodo não vai ser escuro o suficiente para esconder tua vergonha...