quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O que martela na cabeça e dói no coração




Os meus pensamentos persistem em olhar o passado
Não sei se saudosismo ou sadomasoquismo
Vai ver é tudo a mesma coisa
É certo que ainda não esqueci
Assim como não me esqueci dos outros
Não ouve ponto final em uma das minhas historinhas inacabadas
Lembro de todas, cada uma do seu modo
Uma que virou amizade
Outra o calo que ainda dói
Tem as lembranças boas
Os que não existe contato
Pena mesmo é que o calo sempre incomoda
De vez em quando abre, sangra e da trabalho
Ai encaleja de novo e fica áspero
Mas parece que nunca some
E a culpa de ainda ter esse calo
É minha, toda minha
A lembrança tem gosto
O cheiro cada vez mais impreguinado
Saudade é uma palavra que dói
Eu mesmo me rejeito por ainda sentir isso
Por prestar esse papel de ridículo
Me submetendo a esse estranho sentimento que ainda persiste
Já perdi as esperanças
Pra mim já está provado como a espera cansa
A espera por quem não vem
É humilhante pensar em quem não sabe mais nem quem sou
Quem nunca me conheceu de verdade
Quem não soube cuidar de tudo que era passado
Com tanto zelo, atenção e reciprocidade
É essa a palavra, só queria um pouco de reciprocidade
Sei que todas essas palavras são em vão
Assim como meus pensamentos
Só não posso renegá-los
É nesse desespero que sinto, reflito e vivo...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Outras coisas


Entre silêncios e tormentos sigo riscando essa vida
Procuro não esperar mais nada de ninguém
E nem procuro por mais nada
Agora ando deixando acontecer
Mas não deixo de fazer por onde
Esperanças é que não crio mais
Elas já me deram tanto trabalho
Tento estar cada vez mais habitável,
Nesse mundo camuflado onde pintamos sociedades nossas
Pequenos mundinhos, realidades sozinhas
Sentindo saudades do que passou
Sendo saudosistas com o futuro
Tão cansado de tudo
Sonolento e hipocondríaco com a vida
Buscando o resgate de uma lombreira felicidade
Ela era o que restava inúmeras vezes
A saída de emergência mais suave
A contagem agora é regressiva
Cada minuto vale muito
Os anos se acumulam e pesam
Tenho muito a fazer
Tenho muito mais a aprender
Quero poder passar, transmitir
Quero ser pensado por ai...

Desamparo


Minha mente anda aos giros
Não sei de muita coisa
Mas sei que não quero ser alguém que vive aos tombos
Desconsertado e desconsertando
Atingindo aos outros com minhas mazelas
Não quero ser o que ri mais alto
O que sempre chama toda a atenção com o silencio
Também não quero preenchê-los
Eles me gritam verdades
Como aguentar noites não lembradas
Conversas alcoolizadas, devaneios exalados
O que estou fazendo?
Às vezes me sinto cínico
Dissimulado, um astuto jogador
Já fiz ate o que não queria que fizessem comigo
Bobagem, já fizeram e eu nem percebi
Muitos me amaram, outros me desejaram
Alguns ainda nem me esqueceram
Mas ninguém soube me ter
Ate eu me sentir na lata do lixo
Desde então vivo me reciclando
Ou de repente me enganando
Nada sabemos de nada
Tenho segredos que nem mesmo eu sei
Mentiras que eu próprio me contei
Relembrando o que eu não esqueço
Uma nostalgia quase doentia
Melancolia que chega a ter gosto
Mas nunca desistirei de me equilibrar
De me erguer quando nem consegui suportar
Assim eu irei meio zureta
Tentando me lembrar do que fiz na noite passada
Com medo de ter feito ou de querer não lembrar
Loucura não é uma coisa ruim
O que existe é o exagero...

sábado, 10 de outubro de 2009

12 de Outubro


Poderia ser apenas mais uma data comemorativa
Um dia para se festejar a infância
Ou o dia santo de uma santa padroeira
Mais pra mim este dia vai muito mais alem
Significa o surgimento de uma pessoa materna por inteira
Viestes ao mundo pra sofrer com o egoísmo dos homens
Dona de uma vida sempre dura
Aprendeu a trabalhar cedo pelas cozinhas e currais de casa
Entre vassouras, bonecas, surras e carinhos de irmãos
Travessuras inocentes entre as roças
Os afagos do amor paterno
A imensidão de uma dor sentida muito cedo
A perca de seu bem feitor, seu amado pai
A realidade de uma vida dura
Salve-se quem puder?
Não, agora era um por todos e todos viraram um
O desgosto de nunca ter conhecido os ensinamentos da escola
Apenas pelo simples fato de ser mulher
Na primeira festa, presente de aniversário
Com esplêndidos doze anos
O primeiro e único amor
Amor doido, de um futuro de fases e fases reviradas
De muitos hematomas e roxões
Desde então só fez amar
Tomou pra si a vida e realização dos outros
Passou humilhações, medos, fome
Mas também existiram as alegrias, as conquistas e até uma certa independência
Sua vida se reverteu à família
Passou sem medo por casas de taipa
Enfrentou as secas, plantou o que comer gestando vidas
Foi deixada no sertão na esperança da exploração de uma vida melhor na cidade
Enfrentou a saudade e os tormentos de estar a quilómetros
Léguas muitas de seu escolhido companheiro
Teve coragem de enfrentar tudo e qualquer um que se contrariasse
A impedi-la de seguir atrás de seu procriador na capital
Chegou com uma mão na frente e outra atrás
Mas sem medo de lutar até com forças que não tinha
Casas de aluguel, barracos de madeira e mais um pouco de fome
Até conquistar a casa própria, o ninho segura pra sua ninhada
Ela não se abalava pelas vezes que trancada em seu quarto
Servia de deposito violento de fúria
Deus é mais!
É assim que ela pensava é assim que ela se mantém em pé
Hoje vive presa ao sustento de todos
Como uma princesa aprisionada em uma torre
Desculpe pelas lágrimas derramadas
Pelos desgostos causados
Pelos abraços não dados
E pelos EU TE AMO muitas vezes não falados
Pela minha impaciência e desleixo
E muito obrigado por derramar em mim sua existência
Por estar sempre presente
Por me amar incondicionalmente
Só pra lembrar: EU TE AMO...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Enfim!



Sabe, estaria sendo desonesto e mentiroso
Se reprimisse a saudade que sinto
Também posso estar sendo maldoso
Revelando e causando certas esperanças
Mas jurei ser honesto contigo, meu bem
Me fizeste tão feliz
Me amaste tanto
Como se preocupou comigo
Me deu tanto carinho, causou tanta emoção
Sempre atencioso, sempre entregue
O tempo todo presente
Tão capaz de me satisfazer
Agora o necessário é me desacostumar
Dos teus mimos, mensagens e ligações
Longas, turbulentas e amáveis ligações
Agora não me pertencem mais teus beijos
Nem teus carinho e abraços calorosos
O quarto quinze está guardado na memória
Com sua cor azul e seu cheiro de desejo
Aquelas paredes guardam risadas, brigas, conversas
Alguns segredos expostos, umas outras gotas salgadas
Que molhavam insistente o travesseiro
Novas experiências, prazer só sentido com você
E amor, muito amor
Desses sinceros e verdadeiros
Tão honesto e cauteloso que agora é só lembrança
É bom lembrar desse jeito
Foi bom manter o respeito
Você foi bom
Será que eu nunca estou satisfeito?
Será que foram os defeitos?
Minhas asas são tão grandes agora
Que não querem parar de bater
Eu perdi os freios
Não sei o que são explicações
Não me dou bem com cobranças
Nem sei mais como abandonar meus silêncios
Estou acumulando historinhas inacabadas
De mão em mão, sem saber meu paradeiro
Assustado, frente a frente com o que eu já não tinha
A solidão não me assusta mais
Acho que é disso que deveria ter medo
Enfim, é esse o preço de se arriscar no amor
De não ter mais receios de dor
De esperar sem se cansar
Por uma coisa que parece que não vem...

Sei que você estava ansioso para ver isso
Não se constranja nem me julgue mal
No seu lugar eu estaria igual
Estou tão confuso
Tantas coisas ditas
Tantos maus entendidos
Quantos silêncios incômodos
Foi tudo tão rápido
Foi tudo tão bonito
Somos mesmo distintos
Eu voando e você sempre atento
Sempre tive medo de não atingir suas expectativas
De não te satisfazer, não te entender.
Não sei se isso aconteceu
Não me peça desculpas
De que elas adiantam
Espero não te levar ao sofrimento
Não quero te trazer tormentos
Não quero ser lembrado como um arrependimento
Fui sim sempre sincero
Não duvide dos meus rabiscos
Eles são mais verdadeiros que minhas falas
Agora faço parte do passado
Aquele que eu escutei não ser lembrado
Foi melhor agora que adiar e brigar
Teu amor não doeu
Só tive felicidades
É verdade que às vezes você me tirou do sério
Mas tudo fez e faz parte
Agora cada um segue em sua mão
Por enquanto única...