sábado, 30 de janeiro de 2010

Tranca


Agir, me mexer, produzir, ser
Não quero ser só ideias
Nas mesas de bares, rodas de amigos
Conversas que não tem nenhuma ação
Quero me entregar de verdade a algo
Sem ser humilhado por Reis
Ser viver em nenhuma ditadura mal fadada
Curvar-me passivamente a doutrinas prevaricantes
Quero uma cooperativa atuante
Um grupo ciente de tudo que quer poder passar
Meter e quebrar a cara, aprender e ensinar
Satisfazer as próprias vontades-coletivas
Quero dar certo, achar e saber que rumo tomar
Saber onde ocupar o pensamento quando preciso
Longe de cobras-coroadas-angelicais
Sem brigas mesquinhas pra demonstrar poder
Sem uma sombra que tenta ser e ter uma competência puxada por saco
Seguindo a risca os paços de um amigo expulso de reunião ao sábado
Amigo que teve prazo de validade vencido
Indo embora com a vaidosa dos abismos bêbados
Também tenho medo de não continuar
De cair na assombrosa decadência
Meu prazo também está vencendo
Não tenho cara de pau como o aproveitador que passou pro outro lado
Se é que um dia esteve do lado dos filhos da puta
Não quero ter meus escritos sempre dedicados a um bosta de Vênus
Pra essa tripa-magrela-amarela-sem-sal
Que agora me persegue no pouco tempo que durmo e consigo sonhar
Já risquei aqui tantas mazelas
Não quero me reclusar dentro de mim
Me fechar pro mundo, não ser
Parar no tempo, não agir, ser só pensamentos
Me vejo anti-socializando, me estranhando com as pessoas
Me vejo distante de tudo, num tempo perdido
Fora de tudo mais uma vez
Será que estou sendo tomado por pessimismo
Eu só quero ser honesto comigo mesmo...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Pensar, pensar, não querer, abominar, fazer, continuar, gostar !?


Esse é um ciclo que não me deixa
Repete-se constante, viciei nesse lado promiscuo de ser
Escondido, instigante, perigoso
Acabei me acostumando com a variedade
É bom ter muitos tipos conhecidos
Saborear de vários gostos e tamanhos
Explodir em desejo nas mãos de outros
Ver a erupção branca de satisfação e sugá-la
Ter medo, mas não poder se controlar
Os amigos-amigas já sabem
Todos fazem se deliciam no santuário da carne, o sanitário
Depois, do lado de fora, só o olhar do somos da mesma laia
Quem sabe trocar números, ir pra outro lugar
Se morar perto, se tiver carro pode ser nele mesmo
Pode ser um par, trio ou quatro, cinco
Depende de quem chegar e de quantos disfarces urinários tiver
Gosto mais quando nem se vê
Mãos por entre o espaço, de cócoras, boca em ação, contorcionismo
Procura, espera, só olhar e ficar na mão às vezes
Ter medo, estar mais solto, mais liberto, mais puta
Prazer e só prazer, é só por momentos e depois?
Muitas vezes consciência pesada, nojo
Por que chegar a esse ponto?
Por que reprisar esse ponto?
Fazer o que se não se tem nada permanente
E quando se tem?
Conheço muitos que se entregam a esse ponto do mesmo jeito
Mesmo tendo posse de permanente
Nesse ponto tem de tudo
Os de aliança, maduros, de outro gênero, solitários, iniciantes, aproveitadores
Tem de tudo é só escolher o da vez, tudo muito variado
Tem em todos os lugares, basta ter as farinhas do mesmo saco...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Esperança



Nervos a flor da pele
Pensamentos espalhados pela cabeça
Sono fugitivo ou não procurado ou temido
Oportunidades aparecendo, conquistadas
Na classe a mesma coisa, os melhores e amigos se foram
Ficaram puxa sacos, pegadores do bastão do Rei
Medo a toda hora, a cada instante, paranóia
Sai da fossa que estava mergulhado
Mas e agora o que será me dado?
O nada?
O incerto não responde
Só me olha já que olhar vale
Serão minhas esperanças antecipadas?
Malvadas que maltratam, judiam
Nem sei se ainda amo, penso que não
Me parece que estou preso ao rancor
Ah! Tripa ossuda, apática, dissimulada, promiscua
Temos como em comum o mundo que vivemos
Aproveitando como for mais fácil, pegando o que dá
Usando, usado, sujo, escondido, trancado
Tenho medo do ardor, do querer por ser instigado
A qualquer hora, muitos, todos, o que der (e comer também)
Fico pensando se mantivesse a mesma inocência do medo de antes
Talvez tudo pudesse ser melhor, mas não!
Tudo seria no máximo diferente
Eu apenas ainda não me apaixonei de novo, não consegui
Mas espero o que olha, o do sorriso largo cheio de dentes, lindo
Que não tenha sido conclusões falsas
Tenho tido muitas nesses tempos
Que consiga fazer algo, qualquer coisa
Acho que desaprendi a arte da conquista
Acho mesmo que é nunca soube dela
Eu apenas sou o que tenho na alma
Procuro alguém que saiba enxergá-la
Se é que ainda procuro, também quero ser encontrado
Incerto faça algo, dê certeza, pelo menos me olhe...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Deixa pra Lembrar


Vejo que o tempo que nós separou
Também distanciou nossos caminhos
Outros vieram, nós somos outros
Acho que sofremos do mesmo mal
O desespero de querer tentar de novo
Com a mesma significância
E de você, suas coisas, o teus atos
Eu sempre só acharei, nunca saberei
Por que o vai e vem?
Por que o cair da ligação?
Por que não me atender?
Por que me fazer sofrer
Pago um preço muito alto por minhas esperanças
Por me apagar tanto a elas
Por apenas criala com tanta facilidade
O primeiro da fila dos abismos
Tão complicado, eu tão inocente
A música ouvida por mim, pra me lembrar
A mesma que canto até hoje
A viajem as laranjeiras de historia
O dias em minha prisão
O quarteto-formado-fantástico
Manchas de vinho no teto
Aperto na cama pequena
Uma conversa insana, que desconsertou
São partes agora dessa minha memoria fraca
Nossos finados-falecidos nós assombram
Eu ainda estou apaixonado
Me envergonho, bloqueio o pensamento
Quem sabe vender tudo e sumir
Mudar de cenário, mas carregar a impaciência
Já te letrei tanto em minhas riscas líricas
O que faremos?
Quem vai nós libertar?
Precisamos mudar o foco e parar de nós prender...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Entrada de pernas pro ar


Ressaca moral mais uma vez castiga, traz rugas
Uma loucura na estreia do ano
Insano no primeiro dia, mas na espera de lucidez nos demais
Falei palavras que não lembro
Machuquei quem não merece
Vultos de choro, vergonha minha
Depois da briga, beijos, toques, prazeres
O ato consumado ao mesmo tempo
Na sala e no quarto dois casais iguais
Surpresa, sem esperar, sem prever
Tudo começou na areia de olho pro mar
O que será agora?
O que vira agora?
O que fazer agora?
Tudo vai se encaixar, tudo ficará bem
Sem presa, na manha
O que for pra ser vai acontecer
Quem quer que seja
Depois da ressaca as coisas ficam mais claras
A cabeça deixa de girar e retoma os pensamentos
Volta a pensar normal, a fazer seus julgamentos
A fixa cai de verdade e ai percebe-se
Os erros cometidos, as oportunidades aproveitadas
Elas não podemos deixar passar
Aprendi essa arte com um grande-amigo-malandro-esperto
O dia passou, as coisas já aconteceram, foram feitas
Agora estou com a ressaca moral
E com os pensamentos sem outro local...