domingo, 2 de junho de 2013

Do nada, o desejo



Escreverei páginas inteiras de silêncio
Esses dizeres não precisam de identidade
Nada confessarei, nem pistas vou entregar
E já peço desculpas se não decorrer bem sobre o assunto
Estou sempre em dívida com o dizer
E agora, sentado nessa calçada e notando os pingos de chuva
Me rendo aos impulsos e escrevo para entender,
Para organizar esse desejo tão imediato que agora é coisa, está
Ao qual não se pode voltar atrás e nem se deve
Quero concentrar essa energia, internalizar o acaso
Guardarei o que ainda não aconteceu, o que está se encaminhando
Vou apurar meu nada e seguir na busca
É no escuro que encontro as melhores clarezas
Pois o encontro aconteceu e a vontade já é uma semente bem plantada
Quero ver se é mesmo possível conseguir o de dentro
O querer é a força da junção, o imã mais poderoso
Não faço confissões, nem estou profetizando acontecimentos
Isso são apenas e tudo isso, palavras soltas
Entrego vontades verbalizadas, sem técnicas, apenas o desejo
Clamo por um pouco de sorte, quero sorrisos no acontecer
Vou rezar antes do sono, pedir aos santos, mentalizar, fazer simpatias, tentar
Quero ter mais que reflexos em vidros de janela e toques disfarçados
A ligação entre os olhos foi concluída, esta feita, é fato
Essas lembranças não vão escorrer para o esquecimento
Estranhos não existem mais, se é que um dia o foram
O encontro aconteceu e a repetição virá
Nem que para isso a circunstância trabalhe sozinha
Diminuirei as ruas pequenas dessa cidade estreita
Seguirei o faro guiado pela vontade do tato
Até esbarar mais uma vez nessa sombra que cruzou com a minha
Joguei o bumerangue da procura no espaço
E até ele voltar, procuro...