terça-feira, 5 de novembro de 2013

Geração qualquer coisa




Preciso começar de alguma forma
Essa coisa que não tem nenhuma pretensão
Que nem valerá o tempo perdido da escrita
Que tenta ser em vão uma forma de alívio
E por isso, assim, dessa forma tronxa já é nada
Eu sei, sei que até o nada é de fato algo
Mas ninguém quer filosofias aqui, não
Aqui se quer distúrbios, entendê-los, diagnosticá-los
Pois quem escreve perdeu as contas das crises
Enfim me entrego, eu quero, quero ser simples
Afinal quem diz que nada quer, mente
Então podemos descartar os primeiros versos
Além de não prestarem é pura desfaçatez
Quem sabe até um plágio dos mais sórdidos
É vergonhoso ser solitário na liquidez dessa geração
É vergonhoso admitir fraquezas, vergonhoso não ser quantitativo
É vergonhoso não se encaixar, vergonhoso sentir vergonha
Esqueceram de me apresentar a caderneta de boas maneiras do futuro
Cometo gafes sem perceber, não concebo as regras desse jogo
É que ninguém se atreve a ler o outro, isso é viadagem,
Que é pior do que ser coisa de mulherzinha
Isso foi o que me disse um exemplo fiel da nova era
Não existe respeito pra quem ainda consegue poetizar a vida
Por mais, mórbida, tediosa e hipocondríaca que seja
Calma, calma leitores inexistentes, sou de fato envergado ao drama
Por isso todos esses questionamentos, é a crise tomando as rédeas
Não sou de todo um pessimista, tenho a cara de pau de não perder a esperança
Poderia ser um dos anjos daquele filme alemão
Eles me parecem mais humanos que nós, mesmo sem o direito de sentir
Mas não sou, e apesar de não me encaixar, tristemente às vezes me assemelho...

Nenhum comentário:

Postar um comentário