quarta-feira, 3 de novembro de 2010

As entrelinhas esclarecidas


Deveria ter te engolido com minha devassa boca de caçapa

Te desfigurado com palavras que você não sabe o significado, mas finge entender

Isso mesmo, Sra. Puritana estou farto dessa tua ignorância culta

Poderia te esbofetear, cometeria um assassinato, mutilada por tanto egoísmo

Hematomas das palavras não ditas, teu dilema com as entrelinhas

Teu desespero de seguir com a corrente

Estar no lado mais favorável

Teu desrespeito, não tenho que sustentar sua presença

A montanha não vai até a ovelhinha desprovida de vontade e carregada de desculpas esfarrapadas

Pula do barco piranha canonizada

A mim não fará falta nenhuma

Até você é substituível, querida diva suprema

Meu céu brilha sem sua estrela de primeira grandeza

Tua bola cheia pode explodir qualquer dia desses, não sei onde cabe tanta vaidade

Não sei onde vive tanto cinismo

Não sei como me causa tanto ódio

Não sei como criamos tantos laços juntos

Não sei como fui tão cego em ter te dado tanta importância um dia

Pode ter sido a sociedade imaginaria, teu cargo, uma alucinação minha

Enoja-me teu modo de falar, teus assuntos, tuas pautas decoradas

Teu afeminado preconceito, social-feminismo, testosterona recolhida

Sempre mais do mesmo, nariz e sobrancelha cada vez mais levantados

Os comentários superiores, a sabedoria inabalável, vasto repertorio de justificativas

Conheço teus buracos, tuas falhas, pelo menos as enxergou

Não toque em mim pra não se manchar de impurezas, despeito

Sou uma florzinha fresca que se retrata em todos os gêneros

Sabe que até queria que fosse mesmo despeito

Assim me culparia menos por ter acreditado em alguém inexistente

Não sou como outros que esquecem tuas falhas

Elas se acumulam numa velocidade impressionante

Tua ideologia meu bem, é a ganância

Teu desejo é estar por cima, olhar superior, ofensivo

A leoa que defende a família complexada

A bêbada que destrói amizades, com sentimento claro

A madura mulher agoniada com tantas máscaras para vestir

Tire os olhos do umbigo, enxergue-se como igual

O mundo gira em torno do sol

Saiba que não vai ser sempre a melhor, que não é a melhor

Reconheça quando estiver errada

Tenha palavra

Assuma os riscos

Assuma seus atos pelo menos

Seja você, se procure, se entenda...

domingo, 24 de outubro de 2010

Sobre a insônia, a volta impossível, passado, o bate boca e as coisas sem fim


Ontem eu não quis saber de mim
Deitei meu corpo imundo no espaço que restava dessa cama amontoada de coisas
Cansei da insônia provocada pela ânsia de que algo se faça preencher nesse vazio
Virei de lado e procurei o sono com a mesma perseverança de quem procura a felicidade
Chega de filmes, musicas e ensaios sobre uma forjada realidade vislumbrada
Não consigo encontrar o sono da mesma forma que não me acho mais
Poderia eu te amarrar a mim da forma que necessita, se não me arrependesse em poucos instantes de contato pessoal e não virtual
Não cabemos na mesma estrada e eu já sabia disso, mas por um instante, minto, por tempos pensai que podíamos, que deveríamos, que era o que eu precisava
Mas agora sei que mesmo que as borboletas se revoltem contra mim, não dá
Não quero que ninguém se molde a mim, nem quero me camuflar pra caber na narrativa de alguém
Será mesmo que corro as cegas numa madrugada suja para aquele inalcançável desastre?
Mas aquele fantasma não vive em pedestais habita nos submundos, nos mesmo que percorro em desesperos inflamáveis
Quem sabe por isso me atormenta tanto, me coroe ainda após tanto deserto deixado
Cobrança eu renego e quem sabe quando deixará de brincar de briga como um menino tolo exclamando atenção?
Foi tão sincero um dia, mas fica cada vez mas longe teu caminho
Enquanto me mexia na cama sem espaço pra mim, me reviravam remorsos
Tanto das aulas que não assisto, desse curso que não frequento
Do futuro que pregam em mim e que absurdamente deixo ao relento
Fico no fim esperando pelos outro, todos que me socorrem na hora dos luxos ordinários
Aproveito sem pensar em retribuir uma vida dedicada a minha
Quanto das palavras trôpegas atiradas contra aquela criança bêbada sem noção
Aquelas palavras que doeram, sim eu minto pra mi mesmo
E assim minto pros outros na minha insanidade controlada
Tenho as minhas e as tuas preocupações que já mandaste pro espaço
É duro saber, mas fomos cuspidos no mundo e agora temos que entender que não podemos com ele, que permanecer é complicado
Podemos até parar, viver uma vida loca e usar de nossos traumas pra nos vitimarmos, mas a terra está sempre girando
Não se deve atrapalhar aqueles que querem girar nessa roda tão egoísta
Se não quer saia da roda enquanto é tempo e feridas ainda não existem tão inflamadas
Entra nessa roda mais próxima de coisas felizes e entorpecentes, onde a grana e mais farta e vai pra tua mão, sem nenhum banco para acumular uma segurança futura partilhada com todos
Se quiser fazer uma bondade leva junto a intelectual-boa-samaritana-gananciosa
Tomem algumas doses de muito sentimento, pela amizade que vocês rasgaram quem sabe, comemorem o novo numero em suas listas, esse conta mais pontos
A procura pelo sono cansa, pensamentos voam é uma maratona em busca do descanso
Me vejo às vezes como um desses perdidos bêbados que não se localiza, nem se acha, a não ser o copo que desce rasgando a garganta
Falando sobre dores, solidão, tendo raivas e voltando aos mesmos assuntos de sempre
Esses coisas que não se discutem pois não terminam nunca...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Eu fui lá fora e vi...


Quero começar entregando os pontos e assumindo toda a culpa

Sendo honesto, dizendo que não da mais pra regar tua horta de esperanças

Juro que ainda te amo, mas não como antes do vazo rachar

O amor não é mais aquele que cega, cheio de clichês, tolices, raivas, borboletas

Penso em olhar pro lado e encarar teu rosto no escuro do cinema

Envolver meus braços nos teus, beijar teus lábios e me impregnar do teu cheiro forte

E cometer a loucura de tentar, de nos dar essa chance

Isso não seria honesto, não é o que você merece de mim, nem de ninguém

Escuros, cervejas e alguns tropeços

Momentos assim são facilmente encontrados

Meu amor por você não é mais carnal

Meu amor por você não vem mais das entranhas

Meu amor por você é saudável, é amigo

Um compromisso, explicações detalhadas, essas coisas que necessitas

Não, não posso tentar, machucarei de novo algo que ainda não está cicatrizado

Eu sei que você quer e pode parecer que me aproveito disso

Por isso digo que me deixe mesmo de lado

Não procure minha mão, me ignore, esfregue um novo amor em minha cara

Seja feliz, por que não posso te dar o que espera

Não tenho um caderninho de opções e não quero que você seja o primeiro nome

Sim, teu beijo continua sendo bom, teu cheiro sempre me fará fechar os olhos e viajar

Tua presença sempre levantará a hipótese de me render, te provar faminto

Lembranças tuas só as boas, o paraíso, nossos planos, seus impulsos

Eu fui lá fora e vi a lua rindo

Minha orelha quente das conversas-brigas-chama-viva

Eu queria cuidar de você como faz comigo, a preocupação

Melhor estarmos juntos nessa solidão que nos acompanha madrugada a dentro e a fora

Se puder ainda quero ficar com teus abraços apertados

Admiro a ingenuidade do teu gênio forte, característica desse signo sem medida

Sinto sua falta quando não aparece pras nossas conversar sem sono

O conhecimento trocado na madrugada e por ela

Estou perdido no mundo, cheio de calafrios, não me procuro mais

Em uma dessas esquinas acabo me esbarrando

Não espere de mim nada, dispara teus machucados por mim causados

Viver de poucos momentos é um martírio

Não sou prático, nem sei me explicar, fujo a regra da sua filosofia explicativa

Gosto do silêncio e de tudo o que ele diz e representa

Somos dois lados contrários e nos encontramos no meio, nos chocamos

Quem sabe em algum tempo eu te procure e me arrependa de tudo

Queira realmente tentar e tenha percebido que errei

Mas me conheço e mesmo chegando esse tempo, vou ter a consciência limpa de quem fez o que sentiu

Por agora permaneço aqui na minha, só...

sábado, 25 de setembro de 2010

Quando a chuva atrapalha


Que fazer com a impressão de que meus pilares não fazem parte de mim?
Com essa inspiração latina, que remete a tempos remotos?
Lembranças com cheiro, desejos inatos e a raiva que é característica
Raiva rara, perdida, longe, não tida
Não ter o que não se sabe ficar sem
Coisas nas entrelinhas
O tagarela subentendido
A pornografia virginal da imaginação
Me encontrar no que não procuro
Juntar o desconexo com as gotas de chuva
Atrapalhar os pingos de solidão, evaporar
Pecados escritos na pele-papel-carne
Velocidade do eterno passageiro, sólido e firmado
Um dia, quem sabe?...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dois e um só


Minha mente ainda me trai dessa forma

Sonho, não sei se é a definição correta, acho mais cabível devaneio

Devaneios são mais reais, assim como o desconforto que me fez adormecer mais cedo

Que me fez dizer chega para mim mesmo, não ficar esperando ao relento por mais maus tratos

Por essas tuas palavras duras, essa tua tão trabalhada forma de me desmotivar

Tua boca lotada de respostas e humilhações pra esse cachorrinho que te abana o rabo

Não sei quem piora o estado de quem

Te digo que o vinho não nos desceria bem, não avia clima de comemoração

Mas um bom início seria tentar enxergar fora da bolha, observar, notar

A impressão que tenho é que meus silêncios são mais ouvidos que minhas palavras

Me retirei junto com meu tão frisado egoísmo

Mas olhe bem e você poderia perceber o que fui fazer a seu encontro

O que foi dito inexistente, agora não faz parte de mim

Já que a nova ordem é saber se aproveitar dos outros, espero o novo obrigado

Pensei em cumprir o ritual de quinta, algumas vezes praticado e inúmeras vezes cobrado

Ver um filme ou apenas ficar rodando de um lado pro outro, ver os livros e voltar para casa

Tentei, mas o sanduíche de almôndegas não me seduziu e o filme não cabia em meu horário

Dei-me de esmola para o desconhecido em alguma brecha e tomei meu rumo de sempre

Junto, uma louca tentativa de amenizar os hematomas das tuas pedras contra mim atiradas

E na noite, no sono, ele

Não você, mas ele me soprando mais uma vez vontades que nunca praticarei

A verdade de que ainda estou preso, mas sem coragem de emitir contato

Essa traição mental onde me vingo de tudo

Onde escarro, bato, beijo e desgraçadamente ainda amo

Chego até a sentir saudade e se acordo não abro os olhos, tento voltar

Voltar para aquele canto tão escondido da minha cabeça onde ficam todas as coisas que quero esquecer, mas não esqueço

São sombras como essa que me atormentam tanto e deixam em uma espécie de engodo o sono que não existe mais

Poderia não ter comparado os dois, da mesmo forma que me comparas todo o tempo

Talvez, nem deveria ter fundido essas historias num mesmo nada poético cheio de poesia pobre de metáforas e rica em ego

Mas para ele eu não destino mais nenhum escrito, então aproveito o descontentamento teu com o ódio fatal dele

Esse livro lido por nós dois, numa dedicatória embriagada

Os dois que me corroem literariamente

E no fim o que espero passar é a raiva e não você...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Procura-se


Ainda não me apeguei a disciplina de ficar parado a frente da tela esperando brotar o descarrego nos dedos
Ainda preciso de uma motivação que me faça preencher o espaço vazio
É a hora que a represa vaza e nada segura os anseios reprimidos

Quando os passos trilhados em caminhos tortos se expurgam

Agora o medo pode ser liberado, todos podem te pegar no ato, um fato

Tenho fé de ainda me desgarrar do animalesco que tanto me atrai

Portas entreabertas com olhos caçadores de momentos que supram as necessidades

Convite pra uma trilha escura onde nada se vê, nem mesmo a dor da solidão

O outro lado de um lado que fica bem atrás da carência, o desespero

Vontades satisfeitas e um buraco mais fundo sendo cavado aos respingos da luz do mundo que chama, que permanece mesmo com a adrenalina nos poros

Como poder recorrer à tamanha obscuridade

Que drama clichê esse do lugar escuro com cheiro de podre

E essa pseudo-literatura de pulsos serrados

Os mesmos caminhos percorro viciosamente

Muitas vezes enojado das práticas feitas por uma vontade recorrente de explodir o trancado por dentro, todos os atos nunca praticados antes do tempo da rejeição

Deparar-me com outra estrada clara poderia trancar o efêmero

Resolver a compulsão do sabor desconhecido e banal
Às vezes penso que me acomodei a querer me encaixar em pegadas bem trilhadas
Já poderia ter colonizado essas matas virgens

Mas é uma pena que fui deportado seguidas vezes para o silêncio da madrugada
Estou procurando o acaso, o esbarrão em um lugar comum
Uma inocência perdida que pago a cada instante que entreabro a porta com meu olho caçador um valor de recompensa marginal...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Cuspindo a maçã


Queria eu levar a vida que pensam que levo

Ter a grana que pensam que tenho

A moleza bancada com suor alheio

Aproveitador traumático

Cafetão próprio do meu ser

Sanguessuga adocicado da rejeição

Extorquindo o porto seguro

Enquanto pensam quem sou,

Tenho meus vícios que são inreabilitáveis

Meus medos inseparáveis

A insegurança insuperável

A solidão nunca conformada

Fúrias estancadas

Abismos incorrigíveis

Ardores, borboletas invisíveis

As mesmas palavras repetitivas

Egoísmo dos sentimentos só meus

Dores não são divisíveis

Represa arruinada que não transborda

Madrugadas deprimidamente depravadas

Prazer solitário, solidário, sórdido, sujo

Esperanças afogadas no breu

Sono e sonhos sequestrados

Lembranças, memórias, tempos

Prego abrindo buracos na madeira que nunca foi dura

O que deveria ter sido feito

As falas-faladas-na-hora-devida

As outras coisas contidas como sempre

O silêncio caçador do que não foi dito

Pensamentos consumindo, paranóias

Loucuras nos barulhos apenas internos

Concentração fraca, atenção múltipla

Devaneios promovidos e despudorados

Ânsias da carne cada vez mais podre

Sereno das almas castigadas

Explicações para que?

Não aprendo a ser só mais alguém...