quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Procura-se


Ainda não me apeguei a disciplina de ficar parado a frente da tela esperando brotar o descarrego nos dedos
Ainda preciso de uma motivação que me faça preencher o espaço vazio
É a hora que a represa vaza e nada segura os anseios reprimidos

Quando os passos trilhados em caminhos tortos se expurgam

Agora o medo pode ser liberado, todos podem te pegar no ato, um fato

Tenho fé de ainda me desgarrar do animalesco que tanto me atrai

Portas entreabertas com olhos caçadores de momentos que supram as necessidades

Convite pra uma trilha escura onde nada se vê, nem mesmo a dor da solidão

O outro lado de um lado que fica bem atrás da carência, o desespero

Vontades satisfeitas e um buraco mais fundo sendo cavado aos respingos da luz do mundo que chama, que permanece mesmo com a adrenalina nos poros

Como poder recorrer à tamanha obscuridade

Que drama clichê esse do lugar escuro com cheiro de podre

E essa pseudo-literatura de pulsos serrados

Os mesmos caminhos percorro viciosamente

Muitas vezes enojado das práticas feitas por uma vontade recorrente de explodir o trancado por dentro, todos os atos nunca praticados antes do tempo da rejeição

Deparar-me com outra estrada clara poderia trancar o efêmero

Resolver a compulsão do sabor desconhecido e banal
Às vezes penso que me acomodei a querer me encaixar em pegadas bem trilhadas
Já poderia ter colonizado essas matas virgens

Mas é uma pena que fui deportado seguidas vezes para o silêncio da madrugada
Estou procurando o acaso, o esbarrão em um lugar comum
Uma inocência perdida que pago a cada instante que entreabro a porta com meu olho caçador um valor de recompensa marginal...

Nenhum comentário:

Postar um comentário