segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Cuspindo a maçã


Queria eu levar a vida que pensam que levo

Ter a grana que pensam que tenho

A moleza bancada com suor alheio

Aproveitador traumático

Cafetão próprio do meu ser

Sanguessuga adocicado da rejeição

Extorquindo o porto seguro

Enquanto pensam quem sou,

Tenho meus vícios que são inreabilitáveis

Meus medos inseparáveis

A insegurança insuperável

A solidão nunca conformada

Fúrias estancadas

Abismos incorrigíveis

Ardores, borboletas invisíveis

As mesmas palavras repetitivas

Egoísmo dos sentimentos só meus

Dores não são divisíveis

Represa arruinada que não transborda

Madrugadas deprimidamente depravadas

Prazer solitário, solidário, sórdido, sujo

Esperanças afogadas no breu

Sono e sonhos sequestrados

Lembranças, memórias, tempos

Prego abrindo buracos na madeira que nunca foi dura

O que deveria ter sido feito

As falas-faladas-na-hora-devida

As outras coisas contidas como sempre

O silêncio caçador do que não foi dito

Pensamentos consumindo, paranóias

Loucuras nos barulhos apenas internos

Concentração fraca, atenção múltipla

Devaneios promovidos e despudorados

Ânsias da carne cada vez mais podre

Sereno das almas castigadas

Explicações para que?

Não aprendo a ser só mais alguém...

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