Queria eu levar a vida que pensam que levo
Ter a grana que pensam que tenho
A moleza bancada com suor alheio
Aproveitador traumático
Cafetão próprio do meu ser
Sanguessuga adocicado da rejeição
Extorquindo o porto seguro
Enquanto pensam quem sou,
Tenho meus vícios que são inreabilitáveis
Meus medos inseparáveis
A insegurança insuperável
A solidão nunca conformada
Fúrias estancadas
Abismos incorrigíveis
Ardores, borboletas invisíveis
As mesmas palavras repetitivas
Egoísmo dos sentimentos só meus
Dores não são divisíveis
Represa arruinada que não transborda
Madrugadas deprimidamente depravadas
Prazer solitário, solidário, sórdido, sujo
Esperanças afogadas no breu
Sono e sonhos sequestrados
Lembranças, memórias, tempos
Prego abrindo buracos na madeira que nunca foi dura
O que deveria ter sido feito
As falas-faladas-na-hora-devida
As outras coisas contidas como sempre
O silêncio caçador do que não foi dito
Pensamentos consumindo, paranóias
Loucuras nos barulhos apenas internos
Concentração fraca, atenção múltipla
Devaneios promovidos e despudorados
Ânsias da carne cada vez mais podre
Sereno das almas castigadas
Explicações para que?
Não aprendo a ser só mais alguém...
Uma pena!
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