terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dois e um só


Minha mente ainda me trai dessa forma

Sonho, não sei se é a definição correta, acho mais cabível devaneio

Devaneios são mais reais, assim como o desconforto que me fez adormecer mais cedo

Que me fez dizer chega para mim mesmo, não ficar esperando ao relento por mais maus tratos

Por essas tuas palavras duras, essa tua tão trabalhada forma de me desmotivar

Tua boca lotada de respostas e humilhações pra esse cachorrinho que te abana o rabo

Não sei quem piora o estado de quem

Te digo que o vinho não nos desceria bem, não avia clima de comemoração

Mas um bom início seria tentar enxergar fora da bolha, observar, notar

A impressão que tenho é que meus silêncios são mais ouvidos que minhas palavras

Me retirei junto com meu tão frisado egoísmo

Mas olhe bem e você poderia perceber o que fui fazer a seu encontro

O que foi dito inexistente, agora não faz parte de mim

Já que a nova ordem é saber se aproveitar dos outros, espero o novo obrigado

Pensei em cumprir o ritual de quinta, algumas vezes praticado e inúmeras vezes cobrado

Ver um filme ou apenas ficar rodando de um lado pro outro, ver os livros e voltar para casa

Tentei, mas o sanduíche de almôndegas não me seduziu e o filme não cabia em meu horário

Dei-me de esmola para o desconhecido em alguma brecha e tomei meu rumo de sempre

Junto, uma louca tentativa de amenizar os hematomas das tuas pedras contra mim atiradas

E na noite, no sono, ele

Não você, mas ele me soprando mais uma vez vontades que nunca praticarei

A verdade de que ainda estou preso, mas sem coragem de emitir contato

Essa traição mental onde me vingo de tudo

Onde escarro, bato, beijo e desgraçadamente ainda amo

Chego até a sentir saudade e se acordo não abro os olhos, tento voltar

Voltar para aquele canto tão escondido da minha cabeça onde ficam todas as coisas que quero esquecer, mas não esqueço

São sombras como essa que me atormentam tanto e deixam em uma espécie de engodo o sono que não existe mais

Poderia não ter comparado os dois, da mesmo forma que me comparas todo o tempo

Talvez, nem deveria ter fundido essas historias num mesmo nada poético cheio de poesia pobre de metáforas e rica em ego

Mas para ele eu não destino mais nenhum escrito, então aproveito o descontentamento teu com o ódio fatal dele

Esse livro lido por nós dois, numa dedicatória embriagada

Os dois que me corroem literariamente

E no fim o que espero passar é a raiva e não você...

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