Que fazer com a impressão de que meus pilares não fazem parte de mim? Com essa inspiração latina, que remete a tempos remotos? Lembranças com cheiro, desejos inatos e a raiva que é característica Raiva rara, perdida, longe, não tida Não ter o que não se sabe ficar sem Coisas nas entrelinhas O tagarela subentendido A pornografia virginal da imaginação Me encontrar no que não procuro Juntar o desconexo com as gotas de chuva Atrapalhar os pingos de solidão, evaporar Pecados escritos na pele-papel-carne Velocidade do eterno passageiro, sólido e firmado Um dia, quem sabe?...
Ainda não me apeguei a disciplina de ficar parado a frente da tela esperando brotar o descarrego nos dedos Ainda preciso de uma motivação que me faça preencher o espaço vazio É a hora que a represa vaza e nada segura os anseios reprimidos Quando os passos trilhados em caminhos tortos se expurgam Agora o medo pode ser liberado, todos podem te pegar no ato, um fato Tenho fé de ainda me desgarrar do animalesco que tanto me atrai Portas entreabertas com olhos caçadores de momentos que supram as necessidades Convite pra uma trilha escura onde nada se vê, nem mesmo a dor da solidão O outro lado de um lado que fica bem atrás da carência, o desespero Vontades satisfeitas e um buraco mais fundo sendo cavado aos respingos da luz do mundo que chama, que permanece mesmo com a adrenalina nos poros Como poder recorrer à tamanha obscuridade Que drama clichê esse do lugar escuro com cheiro de podre E essa pseudo-literatura de pulsos serrados Os mesmos caminhos percorro viciosamente Muitas vezes enojado das práticas feitas por uma vontade recorrente de explodir o trancado por dentro, todos os atos nunca praticados antes do tempo da rejeição Deparar-me com outra estrada clara poderia trancar o efêmero Resolver a compulsão do sabor desconhecido e banal Às vezes penso que me acomodei a querer me encaixar em pegadas bem trilhadas Já poderia ter colonizado essas matas virgens Mas é uma pena que fui deportado seguidas vezes para o silêncio da madrugada Estou procurando o acaso, o esbarrão em um lugar comum Uma inocência perdida que pago a cada instante que entreabro a porta com meu olho caçador um valor de recompensa marginal...