segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Conhecidos Olhos Estrangeiros


De que adianta ficar sentado acumulando pensamentos e possibilidades numa madrugada viciada?
Tentar escrever algo, mas apagar as frases sem nexo muitas vezes
Transparecer a confusão interna, torná-la pública

Quando te vi naquele mesmo lugar dos mesmos corpos famintos com o mesmo desejo e instinto, juro ter pensado que seria mais uma aliviada rápida
Que seria mais uma cuidadosa forma muda e mútua de saciar-me se nenhum ser com vontades fisiológicas ou igualmente libidinosas atrapalhasse essa nossa escolha momentânea
Alguns disfarces necessários, teus olhos saltando no interior de mim, um convite para o lado de fora
Saindo de um mundo e indo em transição a outro, sem se conhecer, apesar de sermos sem querer saber já tão íntimos
Meus olhos te acompanhando por trás e os teus por dentro de mim se aproximando por tua face ao meu lado, me olhando de frente e é deles que vejo brotar primeiro o comprimento em direção a tua boca que depois é jogado em mim:
E ai?
E ai, cara, beleza?

Nossos pés, tornozelos, batatas, joelhos, coxas, músculos, veias, corpo, instinto nos guiam sem mais palavras para um lugar fixo onde tudo possa acontecer rápido e se desfazer do mesmo modo, assim minha mente extasiada pensa

No carro achado com um tempo de procura, pois um esquecimento aconteceu, mais um “E ai?”
Um surpreso convite para jantar, conversas, coisas em comum
A observação acertada de já terem nos visto por ai

A janta temperada com assuntos de todos os tipos, cafés bebidos, palavras jogadas no universo, a volta pro carro
Músicas com versões num estilo sessentista e um rumo incerto, mas com paradeiro certo

O carro para, um longo e tão esperado beijo interrompe uma conversa sem nenhuma importância

Vamos para outro lugar?

Para onde?

Não pergunte!

Ânsias reveladas, entregues sem pudores um no outro

Destino percorrido, bem acomodados, é dada a largado única e ininterrupta

Todos os ângulos nos meus olhos, claro e nítido, um prazer dolorido

Palavras proibidas deliciosamente soltadas ao pé do ouvido

Formas variadas de satisfação em descobertas espontâneas, os corpos falam

Silencio quebrado pelos sons de uma boca louca matando a fome por outros túneis mais subterrâneos
Quer que eu pare?
Nunca!

Meus olhos me filmam por cima em todos os ângulos possíveis, teus olhos perfuram minha carne na caverna que possui, possuindo a mim

Explodo tudo que tenho nas alturas e permaneço em movimento

Realizo teu desejo, e o que antes conheceu teu céu está tateando tua face

Te vejo livre do que produz, molho minha pele com água quente

O desbravador da caverna minha não descansa, está cheio de sangue nas veias
Lábios se tocam, o tempo está acabando, telefone toca, a realidade chama
Gostei de você!

Escuto isso mais uma vez, me bate um medo do preço a pagar

Mas eu não posso negar que gostei também

Vamos embora, eu vou embora com um beijo no rosto
Em casa a modernidade nos aproxima de novo

Uma outra vez quem sabe?

Uma estranha sensação nos dias que prosseguem

Se não fosse só mais uma passageira possibilidade

Vejo que não são pensamentos passageiros

Se a madrugada fosse completada por um prazer satisfeito
Se não fosse mais um prazer barato que me custa tão caro

E se não é?
Se te adentrasse nessa minha rotina bagunçada?
Se me bastasse viver desses encontros?
Teus olhos ficaram em mim...

2 comentários:

  1. Queria um encontro desses no carro onde é tudo permitido. Queria também me satisfazer com apenas isso e não remoer tudo sempre. Eu ariana *amor da cabeça aos pés* não consigo seguir sem deixar um tanto de mim em tudo e todos que encontro.

    saudades de nossas conversas (onde eu falo pra caralho e vc ouve muito)

    beijos

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  2. Eh.
    Há coragem em vivê-la.
    Eu não a tenho.
    Isso, por incrível que pareça me encanta, apesar de pra você ser caro o preço.
    Não aprendi o bom do medo, já você o vive, mesmo sabendo das possíveis consequências.
    É inevitável sabe. E eu sei que sabe.
    Basta escolher....

    bjao

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