Instintivamente preencho linhas
Como quem descobre o corpo alheio
Sem saber como terminar o verso
Onde ele deve parar?
Se é que para o pequeno cuspe
Uma escrita madura e estruturada
Solta, funda, culta, puta
Um poeta cego vagando sem nexo
Estômago vazio faminto por prosa
Garganta seca pedindo rima
As unhas roídas, rasgadas
Os pulsos em fluxo
O coração encharcado
Pobre, vago, branco, cheio de linhas
O caderno de poemas vazio...
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