sexta-feira, 3 de agosto de 2012

De vazio e covardia




Faz dois dias que não me olho no espelho, meu reflexo lembra o teu
Quero esquecer tuas rugas que precocemente já são minhas
Dois dias afundado em casa, sem poder viver o que chamo de vida, minha vida
Fico aqui te esperando chegar, ninguém sabe como e nem quando
Alguém tem que estár aqui por via das dúvidas né?
As coisas não deveriam me afetar, mas você nem sabe que acaba sobrando tudo para mim
E nem sei por que estou me dirigindo a você assim, dessa forma sabe?
Você, a primeira pessoa do singular
Fica num tom de confissão e não é isso, tá bom, no máximo um desabafo
Mas sem nenhuma pretensão, afinal isso nunca vai ser lido por quem deve ler, não é?
Vou tomar um banho, quero me livrar do sabor do desrespeito,
Talvez consiga me limpar apenas do desconforto, essas coisas não saem fácil, mesmo esfregando bem
O que não sai mesmo é esse ranço de covardia, está cravado no paladar
Tenho pavor do hereditário sabia?
Me apavoro mais com isso do que com o câncer ou uma dessas doenças sem cura
Não quero ter nenhuma espécie de ódio imperdoável, mas não posso me dar a celestial nobreza de me desfazer da amargura, ou vice-versa
Sou humano caralho, penso, sinto, tiro minhas conclusões, da para entender isso?
Sinto cheiro de guerra
O tempo inteiro esse cheiro e não sabia definir
Uma luta que nunca entendi, mas que me afeta pela lógica de ser um dos alvos
Ainda acabo explodindo em tanta culpa
Minha, sua, dela e dos que só servem para apontar possíveis razões
Uns verdadeiros babacas tentando resolver os problemas alheios
Você sabe como é, também adora fazer isso, apontar o defeito dos outros
Está pensando em mim, ai, do seu cantinho?
Você pensa no que causou e em tudo que ainda vai causar?
Não, porque você é o que importa
Você, sempre você, nunca suas vitimas
Somos vitimas da repetição, por isso sou redundante
Por isso resmungo e nunca falo, nunca grito, não posso por mais nada para fora
Apenas vômitos, os fisiológicos e esses de agora, essas idéias mal formadas e postas em qualquer papel que acho
E sou o melhor em repetir palavras desnecessárias, já falei isso?
Respiro fundo para não enfartar, é que sou rancoroso, uma das heranças que renego
As pessoas ao meu redor me causam náuseas, não consigo suportá-las porque não me suporto
Acabo sempre por atingir quem não era o alvo, sou péssimo de mira
Detesto os meus porques, me parecem todos infundados
Deve ser essa a causa do meu cagaço com a terapia, também não estou afim de descobrir os nomes patológicos das minhas manias
Me culpo por achar culpa nos teus atos, não quero partilhar tua covardia
Tenho medo, conheço bem isso, sou renegado por sentir
O foda é que fica tudo muito piegas, sentimental demais
Aquela coisa de: Queria apenas um carinho, um abraço, blá, blá, blá
Nem é sabe, isso não faz mais sentido, está crônico demais
Então, o problema é que tudo isso é quase ódio
Quase não, eu cansei, é ódio sim...

Nenhum comentário:

Postar um comentário