sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rodovia desinteressante




Ele desabafa desejos falsos de morte por aí
Reclama da tristeza severa do frio, do desassossego aflito do mar
Das fases-faces da lua e do posicionamento de outros planetas que dizem revelar e esconder particularidades
Eu quero mesmo é fugir de quem fui, do que representávamos juntos ser
Naquele antes em que éramos tão distintos e intolerantes
Não sabemos cumprir ameaças e a estrada não é a mesma
Não é o nosso destino seguir roteiros contrários, entrar noutros cruzamentos
Possíveis caminhos únicos foram deixados de lado por conta de uma rota segura e contínua
Seguimos, dificultamos o trajeto, chegamos até a derrapar, mas estamos sempre alongando as milhas pela frente
Tem sempre um buraco ou um animal morto adiante e nem sempre desviamos a tempo
Alguns mosquitos insistentes grudam no para-brisa, nada que o vento não resolva
Asfalto quente, estrada-de-chão-com-terra-escorregadia
Vai ver atolamos um no outro
Vai ver resolvemos seguir, já que os outros não se encaixavam desde o primeiro choque
Estacionei por muito tempo, até saber em que rodovia entrar
Correndo e dando sempre no teu cruzamento, não no dos outros, nunca me sustentaram mesmo
Terminava sempre por abandonar a rota, já desgastada e impaciente
Mesmo assim perdi muito idealizando o condutor perfeito, uma boa sinalização, pistas largas
Caí em teu cruzamento mais uma vez, demos a largada
Vamos conduzindo isso que não tem direção, ou tem, sempre tem
Gosto do imperfeito (gostamos), do escuro no canteiro que revela lindas paisagens no amanhecer
Estamos sempre avançando algum sinal, descumprindo alguma lei
Sempre acima da velocidade, tento colisões
As multas chegam e nós pagamos o preço
Perdemos pontos na carteira
O que importa mesmo é continuar na estrada, não ter desvios
As sinalizações ficam mais claras quando queremos enxergar
E atropelos, aqui, são necessários...

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