segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Embrulho



Faço o que agora para acalmar anos inteiros de agonia?
Vamos anular todos os culpados antes que seja tarde
Encarar de vez esses motivos mudos, essa patologia que já pertence a todos
Uma brutalidade extra no pacote
A tua fome de atenção já se esbaldou com todos os meus nervos
Não controlo mais esse tremor tão prematuro das mãos
Os desabafos são apenas pinturas na minha cabeça
Estão bloqueando os caminhos, fechando as portas
Tenho uma horta de distúrbios e as sementes foram tuas
Agora manifestando culpados naturais, tudo já foi distorcido mesmo
Não tenho mais forças para ensaios de tragédias que escorrem para baixo do tapete
É melhor abortar o estrondo no andar de cima
Risos não estão incluídos nesse pacote
Não pretendo presenciar meus passos apresados na madrugada
O perigo precisa de um esconderijo
As coisas não são resolvidas com estilhaços de pólvora
Deveria me acalmar, fumar mais um cigarro
Nunca aprendi a centralizar pensamentos e seguir em frente
Sou a banda podre e daí decorre toda a dependência
Quem sabe conversar com um amigo, abstrair
Mas fico abrindo cicatrizes num espaço em branco
Antecipando o pesadelo do sono
Aniquilando os acontecimentos, esses não precisam mesmo achar uma brecha
Deveria ter a coragem para cuspir o enjaulado dentro da boca, por entre a língua, afundando na garganta
Mas nessa altura as palpitações estão descontroladas
Só escuto as hélices do meu coração, mas não levanto voo
O suor escorre pelas minhas costas, nunca quis estar aqui
Muito menos provar desse sabor azedo
O gosto é uma coisa que não se esquece...

2 comentários:

  1. É impossível não ler seus textos por completo...Eles nos envolvem de tal forma... Inexplicável....
    Muito Bom! #Excelente
    Bjs

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  2. Nossa, adorei a finalização:
    "O gosto é uma coisa que não se esquece..."

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