sábado, 3 de setembro de 2011

A reclamação do pássaro que está voando



O telefone toca e a ansiedade interrompe o primeiro toque
Uma voz ausente já há tanto tempo diz alô
Mergulho então nas velhas lembranças remoídas e rejeitadas
Terceiros me desculpam da minha falta de coragem
Terceiros vão alimentando o de ainda não foi dado como acabado
Existe um intrometido que em pouco tempo vai tomar outro caminho
Me aproveito da rachadura e escorrego para o que tenho medo
Aceito o pedido, espero uma futura ligação
Vou roendo as unhas e achincalhando o tempo
Pelos cantos dessa cidade muitos anseiam o mesmo momento
O horário se aproxima, olho pro lado e nenhum barulho
Vou construindo as conexões entre momentos tão diferentes
Quem sabe a ficha poderia finalmente cair
Os outros cada vez mais afoitos e com todas as letras decoradas fazem suas contagens
Os versos antigos invadem minha cabeça e dou por certa a recaída
Retorno na esperança de acalmar meus calafrios
Não, é tudo muito rápido, sem maiores delongas,
Para não atrapalhar os novos planos talvez, os planos originais
Chutado para o escanteio, a sombra enjeitada, o fantasma mais requisitado
Você pode ter escorrido dos meus bolsos, mas eu não caibo nos teus
Dispenso o teu segundo lugar, não tenho talento para preencher buracos
Coloquem os melhores perfumes e tomem seus rumos
Espero que se enfiem num tremendo engarrafamento
Que faça um calor horrível nessa noite de inverno
Esqueçam o que não devem em casa
Sejam barrados na portaria
Lembre de mim o tempo inteiro e se arrependa da companhia
Que ela toque sua ferida com os melhores agudos
E na canção de amor engasgue, que no beijo sinta mal hálito
E assim se sinta arrependido e meu gosto invada tua boca
Porra, definitivamente não era ele que tinha de estar ai, aqui
Vamos pensando juntos no que deveria ter sido
Estragando o que não é bonito
Que esteja lotado, pisem em seus pés, atrapalhem sua visão
Que tudo acabe antes da hora
Depois dessa grande merda não vai existir mais a vontade de levá-lo onde eu costumava ir
Deve ser lá o teu casulo mais seguro
Nada de se afogar nos lençóis brancos nem se aliviar com a água quente
Nem garrafas de vinho para aflorar e colorir a madrugada
Vai economizar o trocado do pernoite e ficar só na vontade, apenas isso espertão
Aprenda a não prometer o que não pode cumprir
Eu estou tentando me encaixar nessa cama sem espaço para mim...

Nenhum comentário:

Postar um comentário