quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Da ausência irremediável




                                                                                        (Para Mônica Almeida)

Difícil tentar letrar isso, colocar em palavras o que quero
De alguma formar apunhalar o que ainda não está cicatrizado
Sei que terminarei sem ter o resultado que queria,
Afinal já começo achar isso algo sem necessidade, faço isso com frequência, mudar o foco
Desistir pode ser sempre uma boa escolha, mas pra desistir, temos que começar novamente
Tanto que já começo a falar para mim quando quero mesmo falar para você
Sim, eu falo para mim, assim acumulando letras com essa sinalização torta
Acho que é coisa de gente sozinha, gente assim como a gente
Quero que me desculpe, não quero medir ou justificar tua dor, te nomear
Prometo não tentar misturar o que dói em mim com o que dói em você, coisa que alias já acabei fazendo
Tento mas não da para ser menos dramático, não agora, não com agente
Nós que gastamos nosso começo de adolescência fumando cigarros e divagando sobre nossa insignificância e o medo da morte
Nós que só falávamos “eu te amo” depois de muito embriagados
Nós, os que tentavam ver e entender primeiramente
Esse foi (mania minha de falar sempre no passado) o jeito de dizer
Te dizer que também sinto, não sei bem o que, mas sinto
Dizer também que me importei, me preocupei, fiquei de fato assustado e com medo também
Pensei muito em você, me coloquei varias vezes em teu lugar, quase, quase rezei
Fiquei ruminando essa coisa de vazio, ausência, vida e coisas não ditas
Pois só tendo contato com a morte que lembramos conscientes da vida
E isso que se lê não é uma lição de vida ou uma receita de superação
Isso não é nada, algo sem pretensões
Quero mesmo apenas mostrar/dizer algumas coisas que sei até que você já sabe
Isso é uma necessidade
Estamos e somos sempre ausentes uns dos outro, estamos sempre na solidão
Mesmo em vida a ausência, a falta, o vazio se fazem presente
Ali, no contato diário, no bom dia, do almoço ao jantar
Em todos os acúmulos existe a ausência, assim, repetitiva, constante
Quando isso se faz irremediável de fato, suportar é uma alternativa distante
Então perguntamos: Porque? Onde estão as explicações? Cadê a justiça?
Lágrimas não nos aparam, abraços apenas ajudam a respirar melhor
Poderia ser como os outro e dizer apenas: “Meus pêsames”
Mas isso realmente adianta? Não, não adianta porra nenhuma
A conformação não é uma coisa fácil, poderia dizer até impossível
Tem coisa mas pedante que se conformar?
Por isso te digo, não se conforme, chore quando for necessário, apenas não se entregue
Sofra quando a falta e a ausência pesar no corpo, mas não caia por completo
Sabemos que coisas assim não passam por inteiro e nem devem
Afinal é uma parte sua que não deve ir embora
Guarde tudo isso e cresça
Agora ficam as coisas não ditas e outras tantas não ouvidas
Não existe peso bastante para esse vazio
Não escute esse silêncio que fica, afinal de contas por mais duro que pareça, ainda existem os outros...

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