terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Enquanto o passageiro não chega



Você revira minha cabeça com memórias
Mora nos pensamentos e nos devaneios mais preciosos
É um lampejo feliz e um medo fácil de abandonar
Uma luta devotada a conquistas sagradas
A coragem de deixar para traz aquele velho ideal de perfeição
A vida que vai escorrendo para todos os lados, mas que deságua num mesmo redemoinho de sensações
Passos lentos, lágrimas, dias de sol, calafrios e borboletas
Briga dos dois lados com os mesmo, nós
Redescobertos pelos de antes, vidrados numa construção mutua do que vem depois
Redenção e entrega tentando encontrar o eixo preciso, um paraíso de profundezas infernais
Desculpas não às quero, nem às devo
E o sofrimento apenas deve ser evitado, posto de lado, esquecido se der, só não sei como se faz
Abri portas e janelas e esperei pelo barulho de teus passos me invadindo com cuidado
Tuas pegadas foram marcando, registrando essa tomada despercebida
Me fiz argila pro teu tato modelar
Os ossos reclamaram abstinência, a garganta ainda permanece seca  
Estive longe mais voltei, minha sombra reclama o lugar que nunca deixei
Fomos, mas estávamos sempre aqui, por perto, na madrugada, no escuro de mãos dadas
Vendo na tela historias que poderiam acontecer do lado de fora, depois que a poltrona é deixada
Despertei, releio possessivamente a historia de setembro acordando
Mesmo sem saber se sou o remetente, e não sou
Quero acreditar nas tuas palavras, quero te relembrar de teus escritos
Da jornada, da luta, dos silêncios, de perguntas engolidas, de mim
Mas o telefone toca e te leva para longe, para além das montanhas verdes
Para um lugar onde sou intruso, sou poeira varrida e escondida no tapete
E então entre risadinhas e palavras surdas aos meus ouvidos, sim, como você diz a recíproca é verdadeira
Nas promessas de novas ligações ao anoitecer você vai conectando outro sorriso que não me atrevo a ver
Ai então eu sou mais um, ai então existe mais um
Que te fala o que não digo, te procura como não faço
Que quem sabe não se enfureça como eu, nem te reclame como faço
E agora? Pergunto-me então
O que consigo é me fechar ainda mais e me agarrar na sua mão
Sentir teu cheiro e descansar minha cabeça nesse ombro antes que as luzes acendam
Antes que o telefone toque novamente, que você saia correndo pelo atraso
Antes que volte a ruminar agora memórias de abandonos, de promessas não compridas
Afinal, nem sei mais de mim...

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