
Não quero que se cale a voz que tenho nas mãos
Acho que só assim poderia começar mais uma fila de frases
Mais uma seqüência de versos-pensamentos-tormentos-tortos
Seja lá o que costuma gritar minhas mãos com tanta agonia
Mesmo vendo às vezes serem pobres, nada poéticos, ruins mesmo
Fiquei tão descontente, desmotivado, descrente
De que isso possa mesmo de verdade tocar alguém
Esse amontoado mal feito de palavras, esse monte de erros praticados
Fugi de uma pagina em branco por algum tempo
Fugi de mim por algum tempo
Queria fugir um pouco da minha vida
Deixei minha alma largada em alguma madrugada fria e chuvosa
Abandonei diários e lembranças
Me esqueci trancado no quarto mais afastado
Observando pelo buraco feito na parede
Toda minha falta de realidade
Minha forma novela mexicana de encher papel com palavras
Vi também a algema que me prende ao passado
Minha forte insegurança que me critica vorazmente
Minha falta de lirismo, romantismo, realismo, surrealismo, modernismo, simbolismo, parnasianismo, idealismo, estruturalismo, mecanismo, ismo, ismos
Toda essa porra literária jogada em minha cara, que para mim se mistura com banalidades
Mas vejo nas banalidades coisas importantes
O que sei é que tenho vontade de escrever o que me entala a garganta
Desse jeito banal de ser, é esse meu jeito de expressar
Sem que precisem de um dicionário pra me entender
Falo das coisas que vejo, necessito, sinto, omito, são vômitos meus
Sendo poético ou não, eu prossigo
Minhas mãos não se calam
Eu preciso...